O serviço público de educação é um pilar essencial e imprescindível de uma democracia que, por definição, garanta a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento integral de uma sociedade moderna.

Canções de Abril II - José Afonso. A morte saiu à rua

Abel Manta (1974)
José Dias Coelho

José Afonso evocou no disco «Eu vou ser como a toupeira» (1972) o assassinato do pintor José Dias Coelho pela PIDE, a polícia política do Estado Novo e o seu principal instrumento de repressão.
«A morte saiu à rua», o poema e a forma como é cantada por José Afonso, constitui uma visão pungente do desespero de um país sufocado por décadas de ditadura bafienta e opressora.

Segundo Viriato Teles, em «Eu vou ser como a toupeira», «Zeca continua a cantar a cólera e o desespero colectivos, através de momentos musicais inesquecíveis como A morte saiu à rua (dedicado a José Dias Coelho, assassinado pela Pide em 1961) e Por trás daquela janela (escrito para Alfredo Matos, antifascista do Barreiro que se encontrava preso), ao mesmo tempo que ironiza com a cadavérica memória salazarista (O avô cavernoso), faz novos apelos à luta (Fui à beira do mar, Eu vou ser como a toupeira)».

Fonte:

A morte saiu à rua
(1972)

Letra e música:
José Afonso



A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai


O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu


Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou


Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada, há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação


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Artigo relacionado: 
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Hiperligações:
As Causas da Júlia - José Dias Coelho (1923-1961)
Associação José Afonso - Discografia

José Fernando Vasco

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